Fevereiro é o menor mês do ano, mas nem por isso minhas leituras ficaram limitadas ou em falta. Aliás, li dois livros esse mês com muita vontade e animação. Os livros desse mês vieram para desatar minha amarras literárias e me fazerem pensar sobre nossos preconceitos literários com determinados gêneros.
Meu desafio do Leia Mulheres esse mês era ler uma HQ, escrita por mulher.
O desafio primeiro era encontrar uma HQ, uma vez que eu não leio esse tipo de livro, nem quando era criança eu lia. Minha infância não foi regada à turma da Mônica, foi uma infância sem livros. E minha adolescência foi de descobertas literárias e eu embarcava nos romances de muitas páginas e umas tramas bem intensas ou picantes (minha mãe não supervisionava minhas leituras).
Em uma noite de meninas e o Caio (marido da minha amiga e dono da casa rs) eis que cai no meu colo o livro Azul a cor mais quente, de Julie Maroh, e quando abro as páginas: UMA HQ!!!
Trouxe para casa e li nos dias que se seguiram. Dava para ler em um dia, mas eu estava querendo um pouco mais de contato.
Após a leitura, passei para outra amiga (o dono deixou) e ela devorou em um dia.
O que dizer de uma HQ? Simplesmente perfeita! Veja, quando você lê um romance, as coisas todas estão ditas e você só precisa imaginar as cenas, os rostos, gestos etc. É um exercício de imaginação, mas numa HQ esse exercício é completamente diferente. E nessa história linda, delicada e cheia de amor que Julie criou, as imagens estão dadas, o enredo montado, as falas ditas. Então o que sobra? Sobram as brechas, as lacunas que a história te leva a pensar, a problematização do enredo e os saltos temporais que existem nos quadrinhos, que a gente preenche com a imaginação.
Ler Azul a cor mais quente me deu uma alegria tão grande, e me levou a reafirmar coisas sobre o amor, as questões de gênero e sexualidade, e, principalmente, o amor pela literatura, entendendo que HQ também é literatura.
Minha segunda leitura foi motivada pelo meu sobrinho Caio Cesar. Decidi que começaria a ler junto com ele e para nosso início escolhi Como treinar seu dragão, de Cressida Cowell. Que leitura, meus amigos, que leitura! O livro é bemmmmmm diferente do filme, quase uma outra história, mas é maravilhoso, divertido e um verdadeiro desafio. Para quem acha que ler história infanto juvenil é tranquilo, te indico esse livro. A quantidade de neologismos presentes na história é surpreendente, e as brincadeiras com a língua (mesmo que numa tradução) são ótimas! A história de Soluço Spantosicus Strondus III e de seu dragão Banguela (egoísta e vaidoso) é divertida e cheia de reviravoltas.
Assim que meu sobrinho terminar a leitura vamos sentar para conversar sobre o livro.
Desafio literário do mês de fevereiro, cheio de rupturas literárias, está completo!!!
Vanessa Reis