segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Desafio Literário Setembro

"Os dois jovens não pararam de andar e quando se deram conta já eram amigos, com segredos para trocar. foi Jubo quem falou primeiro.- Só quando me vi escravo soube do valor da liberdade! Quando era rei, nunca havia aprado para pensar como era ser escravo...Zimba explicou a Jubo o que descobrira em suas andanças e fugas:- Liberdade não é só poder ir a qualquer lugar... Liberdade é ter casa, trabalho, comida, é poder dançar nas festas... É não ser proibido de cultuar seus deuses... É viver do seu jeito, sem ninguém a lhe ameaçar..."



O trecho lido é do livro O Brasil que veio da África, de Arlene Holanda. A narrativa conta a história de Zimba e Jubo, escravos no Brasil, mas que tinham uma história anterior a esse momento triste. Jubo era rei nas terras do Congo e Zimba e
ra um dos seus escravos. Quando os negros começam a ser capturados e vendidos, Zimba é enviado ao Brasil, onde se transforma em um escravo problemático, já que tem um longo histórico de fugas. Quando é capturado e vendido a uma fazenda, reencontra Jubo e juntos bolam um plano, fogem e encontram um quilombo muito famoso da época.
O destino é favorável com os amigos e sua história difere em vários pontos dos escravos da época.
O livro conta sobre festas e culturas que vieram da África, como a festa de coroação de reis. História e arte se entrelaçam nessa narrativa fluída e delicada, que em poucas páginas nos transportam a uma época que muitos tentam nos fazer esquecer ou romantizar.
Uma boa opção para presentear os mais jovens e fazê-los conhecer um pouco da história desse Brasil lindo, rico e africano!

Afetos literários,
Vanessa Reis

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Desafio Literário de Agosto


A despeito dos atrasos, eis que o desafio literário #leiamulheres e #1livropormês se mantém vivo!

Em julho, eu não fiz leituras para o mês. Foi um mês corrido e com um lindo recesso no final.


Então, o próximo mês do desafio foi Agosto. Escolhi para esse mês um livro de poesia: A bruxa não vai para a fogueira neste livro, de Amanda Lovelace.
Que livro, meus amores, que livro maravilhoso.
Eu tenho uma certa dificuldade com poesia, tenho, por vezes, que ler um poema mais de uma vez para que ele penetre e faça sentido ou que me faça sentir. Mas as poesias feministas têm o poder de produzir catarse, então o coração bate forte, o sangue corre mais rápido e eu tenho certeza que o livro inteiro foi escrita para mim; e por mim; e por minha causa; e por causa de todas a mulheres.
Ao ler o livro de Lovelace, um desejo antigo de entender melhor a relação das bruxas com a construção do feminino se intensificou e, não apensa tive certeza do meu misticismo, como vi toda a minha ancestralidade descendo das fogueiras em chamas: “queime todos que tentem\queimar você.” – 2º mandamento das bruxas.
A única coisa que posso deixar de registro sobre esse livro é que vale a pena a leitura de cada poema. Eu li em e-book, mas quando tiver a oportunidade comprarei o livro e o deixarei estampado na estante.
Só para te deixar com gostinho de fogo na boca, segue o poema “- & eu só estou começando
para
todos
que disseram
que minha
bisavó
tinha,
sim,
um quê de bruxa:

ela não
se compara
a mim.

E o poema: “- palavras como punhais
“estou gorda”,
eu disse.

“não,
você está linda.

você é maravilhosa,

esplêndida
extraordinária”,

ele
respondeu.

mas
será que

você não
entende que

posso ser todas
essas coisas

ao mesmo
tempo?

pensei
mas não disse.

Afetos literários, meus bombons!
Vanessa Reis